terça-feira, 20 de abril de 2010

Sob novo prisma...

(foto: Yvette Moura)

Na internet, nos jornais, em revistas, vasculho o noticiário mais recente para extrair o tema deste artigo. Em vão. Tudo me parece, de alguma forma, repetitivo. Escândalo no clero; crimes do colarinho branco; casos de pedofilia; assassinatos de mando; brigas banais que acabam em morte; o álcool vitimando mais e mais pessoas no transito; o império das drogas; o reinado do craque… Quem não leu recentemente algo sobre esses assuntos?

Eu não vou engrossar esse caldo repetindo tudo que já foi dito na mídia. Prefiro contribuir com um novo olhar sobre esses temas corriqueiros que, de tão recorrentes, já se tornaram banais. A vida, para mim, é um tema sempre atual; o amor, por mais debatido, jamais será esgotado; e a compaixão está cada vez mais em voga…

Joanna de Angelis afirma, no seu O Homem Integral, através da psicografia de Divaldo Pereira Franco, que “o homem moderno estertora, enquanto viaja em naves superconfortáveis fora da atmosfera e dentro dela, vencendo as distâncias, e interpretando os desafios e enigmas cósmicos”. Porque não conseguiu vencer as distâncias instaladas, muitas vezes, dentro do próprio lar, penso, e nem aprendeu a dar o seu melhor para si e para o próximo.

“A gritante miséria econômica – segue a escritora – e o agressivo abandono social fazem das cidades hodiernas o palco para o crime, no qual a criatura vale o que conduz, perdendo os bens materiais e a vida em circunstâncias inimagináveis. Há uma psicosfera de temor asfixiante enquanto emerge do imo do homem a indiferença pela ordem, pelos valores éticos e pela existência corporal”, aprofunda a questão.

É nesse contexto, segundo a veneranda mentora do médium baiano, que o indivíduo se desumaniza, entregando-se ao pavor, gerando-o, ou ficando indiferente a ele. E eu aproveito para acrescentar que aqueles que já conheceram a vida miserável e sem perspectiva de boa parte da população brasileira, ainda que superficialmente, sabe que o que está sendo dito é real.

Mas não nos restrinjamos apenas à miséria social, porque a pior das misérias humanas é ainda a de cunho moral. Quantos se refugiam em verdadeiros palácios, apáticos e depressivos, sem coragem de enfrentar a realidade? Quantos, rodeados de “amigos” e com total acesso a todos os prazeres, encontram-se profundamente solitários e amargurados? O que lhes falta?

Joanna afirma que quando o homem descobrir a sua identidade cósmica estará dando o primeiro passo para a sua libertação; o que gera confiança e o arranca da negação e das sombras da ignorância. “A grande noite que constringe é, também, o início da alvorada que surge”, afirma a escritora, utilizando-se da metáfora do alvorecer para confortar o seu leitor e dizer aos que estão sofrendo que “isso também passa”.

Ela afirma que é nesse homem atribulado dos nossos dias que o Pai da Vida deposita a confiança em favor de uma renovação para um mundo melhor e uma sociedade mais feliz. Buscar os valores que dormem soterrados em nosso íntimo, portanto, seria a razão maior da nossa existência corporal nesse momento da Terra. “É encontrar-se com a vida – ensina –, enfrenta-la e triunfar”.

Joanna adverte, no entanto, que não existe segurança enquanto se transita na carne, pois a ansiedade – tão comum nos dias atuais – trabalha contra a estabilidade física e emocional. Mas os ideais espiritualistas, e o conhecimento da sobrevivência à morte, vão dando a tranqüilidade de que o homem precisa para seguir adiante – aprendendo e trabalhando no bem –, sem desconsiderar a transitoriedade do corpo e a perenidade da vida, da qual ninguém se eximirá.

Refletindo os problemas do mundo sob esses conceitos e os aplicando em tua vida prática, amigo leitor, espero ter contribuído para a tua iluminação íntima, assim como eles têm servido para mim.

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