quarta-feira, 12 de maio de 2010

Saúde e Espiritualidade

Sob o conforto do lar, preferiu fechar as portas para as misérias alheias com medo de ser contaminado pela doença e a pobreza. Ante a dureza da vida, escolheu o pórtico dos sonhos numa busca frenética por coisa nenhuma. Fascinou-se com o brilho ilusório das posições sociais, desejou ardentemente a riqueza imediata; entregou-se à droga inebriante do romantismo fantasioso e estabeleceu para si mesmo a teia nebulosa da irrealidade...

As dificuldades naturais da existência, os obstáculos inerentes à trajetória humana, os percalços do caminho e a degenerescência física – que a todos alcançam com propósitos educativos – por um tempo foram alijados da sua vida como a erva daninha que ameaça a viscosidade do jardim florido.

No aconchego dos aposentos, preferia acessar o mundo pela internet para não se deparar com os perigos das ruas nem a amolação dos pedintes; no campo afetivo, mantinha o coração inacessível para não sofrer desilusões ou rejeições desnecessárias. Embora adotasse uma máscara de educação e gentileza no trato social, intimamente colocava-se num plano superior e diferenciado, sem se aperceber que a indiferença e o egoísmo vão minando as paredes da alma, como o mofo e a umidade apodrecem tudo que é perecível. O modelo elegido para uma vida perfeita, o prestígio social...

Um dia, tudo isso perde o sentido.

Certa noite, após um dia cheio de compromissos sociais, de repente deu-se conta do imenso vazio que trazia no peito. E as horas se arrastaram pela madrugada...

- Por que sofremos? Questionou-me o amigo, outro dia, com aspecto envelhecido, olhar vago e aparentando abatimento e cansaço. Então, ofereci-lhe o livro que estava lendo.

Há um breve “Convite à realidade” na página 45 de Convites da Vida, de autoria do espírito Joanna de Ângelis. Numa linguagem amorosa, embora firme e positiva, a veneranda mentora do tribuno espírita Divaldo Franco não deixa brechas para fugas ou erros de interpretação:

“O pântano padece imundice até o instante em que experimenta ser drenado – afirma, usando metáforas –, e o solo crestado permanece árido até o momento da irrigação e da adubagem...”. Então aconselha: “Retira a venda dos olhos e despedaça as lentes escuras que te impedem fixar as claridades reais da vida, promovendo o teu programa de ação eficiente onde te encontras. Nada de ilusões”.

Suas palavras (que eu penso serem de grande valia para o amigo mencionado no alto, assim como para qualquer um de nós) nos fazem recordar do poder transformador que trazemos no íntimo e da capacidade de superar situações adversas, de transpor obstáculos e, acima de tudo, de vencer a nós mesmos quando nos damos conta de que o modelo que elegemos para levar a vida já não nos serve mais.

Por que sofremos? Qual a origem da dor? Onde está a sua causa? Dor e sofrimento são a mesma coisa? A nova medicina tem encontrado respostas bem interessantes para essas perguntas. Enquanto o cientificismo esquarteja o corpo para estudar as causas dos males humanos sem conseguir juntá-lo novamente, de forma satisfatória, para encontrar a cura integral do ser, os estudiosos desse “movimento” que eu chamo de nova medicina consideram todas as nuanças do indivíduo para conhecer a causa dos seus males e, a partir delas, tratá-lo. Corpo, mente e espírito (não necessariamente nessa ordem) são realidades interdependentes que, juntas, acabam por determinar a saúde ou a doença do paciente.

Limitações físicas não são, necessariamente, indicativos de doença: Chico Xavier era um exemplo disso. Assim como um corpo saudável não determina um indivíduo são. Você quer saber mais? Participe do V Encontro de Medicina e Espiritualidade de Alagoas, que vai acontecer este final de semana, no Centro de Convenções de Maceió. Você vai se surpreender.

2 comentários:

Anônimo disse...

Yvette, desde a terra do vinho do Porto: Olá!

Li um ou outro dos seus artigos, identificando-me com a sua linha de pensamento. Em paga envio alguns meus, por pensar que ajudam na conceptualização procurada.

Abraço, até sempre.
Paulo VC

Anônimo disse...

Hoje já não há mais a possibilidade e a necessidade de permanecermos, com uma visão cartesiana no trato para com o ser humano que sofre enfermo, tal
atitude foi necessária a dois séculos atrás, para possibilitar a evolução da Medicina,
na minha concepção é muito dificil em nossos dias, tratarmos ou melhor cuidarmos
e facilitarmos qualquer tratamento, sem a consciencia de que o homem é um só
ser composto de corpo,alma e espirito, e todos os 3 aspectos estão interligados no
adoecer, a facilitação e busca da cura passa por essa abordagem compreensiva
do ser humano como um todo. Parabéns pela matéria.
Ana Carla C.Soares