terça-feira, 8 de junho de 2010

Ajustando os ponteiros

ym paço alfândega 01-10 007(foto: Yvette Moura)

Os ponteiros marcavam 15h15 quando o relógio parou de funcionar e se transformou em um objeto sem vida – tempo estático –, mero instrumento de decoração esquecido num canto da casa. Quando eu me dei conta disso, dias depois, não troquei as pilhas nem o retirei do lugar em que se encontrava; pelo contrário. Mantive-o fixado na parede da cozinha, pois aquele fato me remeteu, imediatamente, ao compromisso firmado comigo mesma, um ano atrás...

Quando decidi realizar mudanças significativas na minha conduta com uma pessoa que vinha malbaratando o enorme apreço e a afeição sincera que lhe devotava há anos, eu criei o hábito de reafirmar a minha atitude todas as vezes que olhava no relógio e via repetidos, iguaiszinhos, os algarismos da hora e do minuto.

O que surgiu ao acaso, como uma mera e engraçada coincidência, transformou-se em um jogo interessante, que deu resultados positivos. Pois é muito difícil tomar uma atitude firme em relação a alguém de quem se gosta muito, principalmente quando a conclusão a que se chega é que o melhor a fazer é tocar a vida em frente, “apesar de”.

Sempre fica uma esperançazinha de que, em algum momento, as coisas vão ser diferentes – como nos contos de fada. Então, damo-nos uma, duas chances, três, e até mais. Afinal de contas, somos criaturas frágeis, e as recaídas também fazem parte das fragilidades humanas.

Mas, uma vez tomada a decisão, é preciso estabelecer metas para avançar. Foi o que fiz: quando os ponteiros se encontravam no relógio, ou os dígitos repetidos saltavam aos meus olhos, repetia de mim para comigo: - Eis o sinal da sua mudança. Siga em frente!

- Você compartimenta tudo em caixinhas. Reclamou, certa vez, um dileto amigo, como se tivesse descoberto o meu maior segredo.

Para seu espanto, assenti, sem qualquer constrangimento. E com o velho sorriso de sempre, aproveitei para lhe explicar a lógica do método que eu adotava para dar o direcionamento correto a cada relacionamento: para evitar problemas futuros, é bom que fique bem claro, para nós, que amigo é amigo, namorado é namorado e conhecido é conhecido. Embora a dinamicidade da vida sempre nos permita trocar de papéis, se assim julgarmos oportuno...

Na mensagem “Amanheceu”, André Luís nos lembra que cada novo dia nos oferta a abençoada oportunidade de rever os erros cometidos e refazer laços de afeto; assim como também desfazer os nós da mágoa, pedindo desculpas, renovando conceitos e alterando atitudes. Tira-se daí, logo, que o destino está em nossas mãos, e a condução de nossas vidas depende única e exclusivamente de nós.

A cada manhã, nós temos a oportunidade de fazer novas escolhas e, a partir delas, dar um novo direcionamento a nossas vidas. Ser alegre ou triste, por exemplo, é uma opção nossa. Ter amigos ou nos isolar do mundo, também. Assim como nos tornarmos amargos, por conta das desilusões que tivermos na vida, ou aprendermos com as experiências dolorosas e dulcificarmos o nosso coração “apesar dos pesares”.

Seja lá em que circunstância for, diz o amigo espiritual, em outras palavras, escolhamos a vida sempre; a alegria sempre; e o amor também.

Como nos ensinou o amigo Manoel Jovino, quando afirmou, certa vez, que estava dando outro direcionamento à sua trajetória nesta encarnação: “Eu sou fraco para a dor – declarou ele, com brilho nos olhos –, então tenho pedido a Deus trabalho, como meio de aprendizado e crescimento”. Assim como Jovino, há muitos anos Chico Xavier já receitava o “trabalho edificante” como remédio para todas as dores da alma. Trabalho para aliviar as angústias da perda, para curar o amargor da solidão e suavizar a dor da saudade. Trabalho como terapia, como lenitivo e profilaxia. Já pensou nisso? Pois eu entrei para o time!

3 comentários:

Anônimo disse...

Sabe aqueles dias em que você está precisando ouvir alguma coisa que faça refletir, mudar, tomar uma atitude?
Venho aqui sempre que posso, o que não quer dizer todo dia. Hoje eu nem vinha, mas alguma coisa me atraiu para cá.
Não ouvi, mas li algumas coisas que eu precisava ler/ouvir/lembrar, e que estão estrategicamente colocadas em alguns trechos desse texto.

Bjoks,

S.

Anônimo disse...

Ah, Moka, eu ia esquecendo... Obrigada, visse?

Yvette Maria Moura. disse...

não sabe a alegria que isso me dá.
eu é que te agradeço, visse?
bjos.
MM.