domingo, 20 de junho de 2010

À brasileira


Botei de molho, da noite para o outro dia, o feijão – pretinho, pretinho. Em outra panela, coloquei o paio, a charque, a lingüiça, a costela, o bacon, a orelha, o joelho,e mais um monte de outros pedaços de carne suína para incrementar a nossa feijoada. Esse domingo promete!

Acordei cedo com um telefonema casual de Simone, que, lá do Recife, estranhava a minha voz de sono: - Mas são quase nove horas! E eu retruquei, lembrando que era domingo – o único dia, abençoado dia da semana, que eu tinha para dormir um pouco mais...

Ela sorriu e desandou a falar mesmo assim. Começou perguntando se estava chovendo muito por aqui e contando que, desde a noite de Santo Antônio (quando fomos a Recife para a sua festa de aniversário) não parara de chover na capital pernambucana. Choveu tanto que Polly – contou, falando da mãe do seu afilhado – saiu do trabalho às sete horas, na noite da quarta-feira, e só chegou em casa à meia noite, por causa da Caxangá, que estava alagada.

Olhando para fora da janela – não sem um pouco de esforço –, comemoramos a trégua dos céus, lá e cá. Mas em menos de dez minutos de conversa, Simon (como carinhosamente lhe chamo) foi atender à porta e me devolveu à cama, sem culpas, para algumas horas a mais de sono.

Não preciso dizer que não consegui mais dormir. O sono solto é coisa de quem não tem com que se preocupar ou não possui uma mente reflexiva demais. No meu caso, o corpo pode até pedir um pouco mais de descanso, mas, uma vez desperta, a mente desanda a vagar sobre as tantas várias coisas da minha vida – umas importantes, outras nem tanto assim – e pronto: ferrou Maria Preá!

Deitei, mas logo voltei a ficar de pé, porque me lembrei da feijoada. Olhei o feijão, inchado, já quase saindo da panela, e fiquei satisfeita. Peguei a outra panela, que eu havia colocado na geladeira, e troquei a água para escorrer a salmoura e lavar mais um pouquinho as carnes curtidas no sal.

Depois, voltei para a cama, é claro (o quarto ainda na penumbra, embora o céu azul, cintilante e ensolarado, lá fora), na intenção de esticar ainda um pouco as pernas e descansar o corpo – um tanto alquebrado depois de uma semana corrida e “cheia de nove horas”. Sem falar na laringite braba de duas semanas, da qual ainda estou saindo.

Estico o corpo, ponho a minha toalhinha de dormir nos olhos, viro para um lado, viro para o outro, espero – acompanhando a música do rádio com a ponta dos pés –, mas nada: o sono não vai voltar!

Começo a ficar agoniada e resolvo levantar de vez: hoje, o dia promete. Vou fazer um cuscuzinho para o café da manhã, porque a Maya já acordou, e depois darei uma arrumadinha na casa. Logo mais chegarão Elô, Gabriel, Uriel, Nê, as meninas, Dimi, Gigi, Marcinha, Tainá e Tamires, e nós iremos fazer uma feijoada. No meio da tarde, tem jogo do Brasil, na Copa da África do Sul, e nós iremos torcer bem à brasileira. Sem “vuvuzelas” nem o frio excessivo do solo sulafricano, mas com muita emoção, uma feijoada caprichada e muito, muito calor humano.

Fica por aí, que depois do jogo eu volto!

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