terça-feira, 22 de junho de 2010

Vitórias, perdas e superação

(Destruição e desolação após a enchente do rio Mundaú. Fotos: Yvette Moura)

Voltei. Mas, porque se passaram dias e muita coisa aconteceu de lá até aqui, eu não vim para falar sobre o desfecho do domingo. Tudo que eu tenho a dizer sobre ele é que a feijoada ficou ótima e o dia realmente foi muito divertido e proveitoso. Não vieram a Nê nem as meninas, o Dimi ou Uriel; não veio a Gigi nem Téo, nem Dandan, nem Marcinha…

Veio Elô e Gabriel, que foram os verdadeiros convidados; e a festa ficou perfeita com as suas presenças ilustres. Assistimos ao jogo com muita animação (Gabriel a fazer alarde com a buzina de pressão que trouxe; Pepa a morder as mãos, o calcanhar e as costas das visitas, principalmente do filho da minha amiga; e Jade a “papear” com os internautas do México, enquanto Elô caprichava no almoço: ela é craque na feijoada.

Na hora do jogo, ficamos a postos e voltamos toda a nossa atenção para o desempenho dos jogadores. Ao final, ficamos muito felizes com o resultado (3 x 1), que foi verdadeiramente emocionante.
Mas, então, vieram as notícias das consequências das chuvas no interior do estado, e as enchentes, as casas levadas pelas águas, o alto índice de desaparecidos, os inúmeros desabrigados, o número crescente dos mortos, e eu fui ficando perplexa com a tamanha voracidade da natureza num intervalo de tempo tão curto.

No meu entender, e no de muitos estudiosos da área, as agonias por que o homem passa hoje, em várias partes do mundo, são indubitavelmente um reflexo de toda a agressão que a Terra vem sofrendo, há anos, pelas mãos do próprio homem. Somos herdeiros de nós mesmos, isso não se pode negar! Mas, enfim...

Hoje eu estive em União dos Palmares e vi, de perto, a “paisagem de guerra” em que o trecho mais baixo da cidade se transformou. A situação é muito triste e o sofrimento é flagrante no semblante de todos. Felizmente, a ajuda já começa a chegar e os locais mais afetados pela enchente já recebem os cuidados e socorros necessários.
Mas uma coisa me chamou a atenção: apesar das aflições, as pessoas não perdem a capacidade de sorrir e de brincar, e o sentimento de reconstrução e superação está sempre presente.

E é fantástico o poder que a fotografia exerce nessas pessoas! Principalmente as crianças, que não perdem a oportunidade de ser fotografadas, mesmo tendo perdido tudo.

Com um feixe de paus na cabeça, colhidos no meio dos escombros, o menino pára ao me ver diante dele e arrisca: – Tira uma foto minha!
E Luan posou para as lentes da minha câmera com o seu belo sorriso, assim como fez Tainá e Leco, entre tantos outros que tiveram a sua imagem colhida por mim sem tempo de expressar se queriam ou não ser fotografados.
A fotografia, para eles, funciona como um instrumento reparador e um mecanismo mágico de autoidentificação. Mas isso é assunto para uma outra crônica, e mais tarde a gente fala sobre isso, está bem? Vejamos as fotos.















Um comentário:

Elô Baêta disse...

Dizia o meu amado pai que um "bom domingo - referia-se a "bom" como sendo verdadeiramente afetivo, caloroso, carinhoso, harmonioso, de paz e nobreza de sentimentos - é um bálsamo para enfrentarmos todas as intempéries da semana". Foi assim o último domingo para nós, eu e o meu filho, no seu sempre aconchegante e abençoado lar: feijoada temperada com sazon (com amor), lembranças inesquecíveis de entes queridos, conversas leves e animadas, vitória do Brasil mesmo diante de descontroladas agressões do time adversário, amizade sincera... Por isso tudo, lembrei do meu pai com essa afirmação acima citada, que caiu como uma luva para enfrentarmos e nos solidarizarmos aos nossos irmãos alagoanos e pernambucanos com tamanha e inédita tragédia.


Saudade de tu