sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Aonde vamos chegar?

- Eu vou surtar! Avisei às meninas. Mas continuei firme, à direção, tentando manter o equilíbrio emocional, apesar do caos no trânsito e da batida descompassada do motor do meu carro (acometido de algum novo mal), enquanto fazia o caminho de volta à casa.

O que soou engraçado para as minhas filhas, no auge do meu desabafo, em verdade não era mais do que uma idéia antiga, acalentada há muitos anos, por um tempo que conta mais ou menos a minha estada neste lugar: uma cidade praieira como esta, com ares interioranos, onde longe é mais força de expressão do que uma descrição geográfica – porque os bairros são bem próximos uns dos outros e tudo acaba ficando pertinho –, além da temperatura amena em boa parte do ano, não precisava ter tantos carros trafegando quanto se vê hoje em dia.

Hábitos mais saudáveis, como a caminhada e o uso da bicicleta, seriam bem mais eficazes para a locomoção do maceioense do que esse trânsito congestionado que se tem atualmente. E ainda sairíamos no lucro com a saúde em dia...

O que se gastava, antes, dez, quinze minutos para chegar a um determinado lugar, hoje se leva vinte, trinta arrastados minutos, além de muito aborrecimento por conta das ruas esburacadas ou interrompidas pelos intermináveis serviços da Casal.
Insuportáveis filas de carros barulhentos, guiados por motoristas nervosos e estressados, tem se formado desnecessariamente em vários pontos da cidade, nas várias horas do dia.

Nunca foi tão estressante dirigir em Maceió! Eu estou ficando louca, confesso, para cumprir com os compromissos todos que tenho sem chegar atrasada ou ter que sair mais cedo do que o habitual. Às vezes, tenho até que policiar a “ranzinzisse” que toma conta de mim nessas horas, quando me pego tagarelando sozinha, numa reclamação sem fim, enquanto cruzo os inúmeros obstáculos dispostos no meio da pista por aqueles que deveriam se ocupar de fazer o trânsito fluir melhor.

Não fosse o bastante enfrentar esse zig-zag diário, ainda tem os serviços de “tapação de buraco” em pleno meio-dia, que formam filas quilométricas de motoristas irritados, tentando chegar sem demora em algum lugar. Não dava para fazer esse recapeamento fora do horário de pico? Pode não ser exatamente, mas parece proposital...

Foi por isso que soltei, num misto de abuso e cansaço, que a minha vontade mesmo era vender o carro, comprar três bicicletas e trafegar sobre duas rodas com as minhas filhas pelas ruas dessa capital. Lembrei do e-mail enviado pela amiga Iara Malta, que, tendo mudado para certa cidade mineira, há três anos, dizia: “Vou de bicicleta para todos os lugares; só me lembro de você”.

Mas sei que incorreríamos em um problema ainda maior, que vem tirando a paz do maceioense: segurança pública.

Quando aportei nessas terras históricas (de nomes ilustres que são referência nacional), uma das coisas que mais me chamaram a atenção – e o que, definitivamente, me fez “armar a barraca” em solo alagoano – foi a tranqüilidade local. Famílias inteiras ficavam até tarde na frente de suas casas, vendo o movimento da rua, conversando com os vizinhos, apreciando a lua, enquanto as crianças corriam e brincavam de um lado a outro da via, em plena segurança e liberdade.

Quantas vezes retornava à casa, em noite alta, com o equipamento fotográfico na mochila, sem qualquer constrangimento quanto à minha integridade física! Se o fizesse, agora, com certeza, ficaria muito apreensiva.

Não há coisa mais sofisticada, para mim, do que aliar progresso à simplicidade: oportunidade para todos e qualidade de vida; intelectualidade e sabedoria; avanço tecnológico e crescimento moral... Só não sei quando é que vamos atingir isso. Ao que parece, em algum momento desses dezesseis anos em que estou aqui, Maceió se perdeu do que havia de mais belo entre as suas características: a simplicidade.

2 comentários:

Jacqueline disse...

Concordo plenamente com vc. É um absurdo o trânsito de Maceió, mais absurdo ainda são as obras todas ao mesmo tempo e nos mesmos bairros.

Anônimo disse...

Recadinho para você no meu blog. Quando puder, passe lá. Bjo,

S.