terça-feira, 18 de outubro de 2011

O Filme dos Espíritos



“Ter filhos e envelhecer ao seu lado”. Esses eram os maiores sonhos da esposa de Bruno antes de ser acometida por um câncer. Jovem, apaixonada e cheia de planos para o futuro, tudo ficou para trás quando ela se despediu da carne, deixando o marido inconsolável.

Revolta, abandono e autodestruição; tudo ficou ainda pior quando o médico foi demitido. No fundo do poço, pretendia jogar-se de uma ponte quando um desconhecido entregou-lhe um volume, no qual assinou e escreveu “este livro mudou minha vida”. O título inusitado demoveu-lhe da idéia e levou-o a procurar um antigo professor, psiquiatra espírita, que há muito já lhe havia indicado aquela leitura...

Interagir com as pessoas, escutar suas histórias, conhecer os próprios medos e ter a coragem de realizar uma busca pessoal leva a compreender que a riqueza da vida está exatamente nessa dinâmica dualista de partidas e chegadas, encontros e desencontros, perdas e ganhos, luz e sombra, ignorância e conhecimento...

Cabe a cada um administrar da melhor forma as surpresas que surgirão pela frente e escolher o caminho a seguir.

Quem nunca fez planos com alguém que, depois, saiu da sua vida? Quem nunca sonhou conquistar algo que nunca logrou alcançar? Surpresas, saudades, lamentos e enganos – tudo faz parte do intercâmbio constante que aproxima e aparta os seres, inicia e finda a existência, de acordo com a necessidade e o merecimento de cada qual.

Mas nada, nem ninguém, deve ser colocado em tamanho grau de importância que venha a nos tirar a alegria de viver, o entusiasmo e a esperança, “se tudo der errado”. Afinal, que garantias nós temos por aqui?

“Você gosta dela?”, o protagonista pergunta ao pai, referindo-se a sua madrasta, no filme. Ela é chata, encrenqueira e abusada, mas me faz um bem danado – ensina o velho, mirando o infinito. Arruma uma chata, encrenqueira e abusada pra você também – dá a dica ao filho e sai, como a dizer que o melhor caminho é sempre seguir em frente, apesar do que quer que seja.

O ponto alto do longametragem “O Filme dos Espíritos”, de André Marouço e Michel Dubret, distribuído pela Paris Filmes (que já entrou na sua segunda semana de exibição, aqui e em nível nacional), é fazer as pessoas pararem um pouco – nessa corrida desenfreada em que tem se transformado essa existência para a nossa sociedade, nessa fase pós-moderna – para repensar os seus valores e a forma como estão conduzindo as suas vidas.

Encarar os problemas de frente ou sair pela tangente? Crescer com os obstáculos ou deixar-se abater logo nas primeiras dificuldades? Construir a amizade ou confundir paixão com amor e fazer da cama o primeiro encontro? Abrir-se para o novo ou se fechar em decrépitos modelos?

E isso não tem nada a ver com crença religiosa ou falsos moralismos... Mas com a vida da gente.

Se você ainda não foi assistir, então, aproveite! Porque, a qualquer momento, tudo pode mudar de repente.

3 comentários:

Anônimo disse...

minha querida autora você foi muito feliz em suas palavras,nós estamos neste plano material, apenas de passagem, a verdadeira vida ela é espiritual, a oportunidade é dada a cada um de nós, recarnar tantas vezes seja possível, para que possamos nos melhorar, se a gente vem e não fez nada, a nossa vida fica sem valor, devemos deixar as coisas materiais de lado e procurar fazer alguma coisa pelo seu próximo, fazer o bem sem saber a quem, porque as oportunidades são dadas…
abraço do servidor público estadual, avelar canuto loureiro.

Anônimo disse...

Achei um filme ofensivo e repulsivo. Ora, tudo bem se, em algum momento, pode-se ter esses temas que você comenta no filme, mas há coisa melhor a tratar deles. Digo, muito melhor. Acho que nunca me senti tão ofendido com a ignorância e falta de vergonha de uma produção como esse FILME DOS ESPÍRITOS. Nem vale comentar o amadorismo cinematográfico que o envolve; é lamentável, até inacreditável, o que ele sustenta — de todas essas produções com o tema do espiritismo, esse sem dúvida é o que força mais qualquer razão ou sensatez. Ah, se todos tivessem a humildade de um Eastwood e seu belo, mesmo irregular, ALÉM DA VIDA.

Mateus Selle Denardin

Anônimo disse...

Discordo totalmente do que colocou o leitor Mateus Selle. O filme não é lá êsses primores de direção e produção, mas é altamente doutrinário e nos leva a meditar sôbre nossa missão aqui no plano do planeta Terra e comportamento para que progridamos nas mais diversas encarnações.O que escreveu a Yvette Moura também é extremamente apropridado.

Ricardo Leão