quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Breve despedida


O prazer de servir, a preocupação com o social e a defesa da vida, além dos olhos atentos e encorajadores ao me ouvir falar, diversas vezes, na Instituição Espírita Fernando Malta de Campos, e o abraço acolhedor ao final das palestras, são as lembranças mais caras que guardo daquela que, sendo ilustre representante da cultura alagoana – atriz, cantora, poetisa e escritora –, entre nós, fez-se apenas irmã, querida, do ideal cristão.

Ao tomar conhecimento do seu desencarne, ocorrido sexta-feira (6), foi inevitável lembrar o quanto Anilda Leão foi inspiradora para mim, anos atrás, com as crônicas que publicava em O Jornal. Recordei, especialmente, um texto em que relatava o reencontro com um velho amigo.

Desanimado e abatido, reclamava das enfermidades que experimentava quando a poetisa, jovial como sempre, convidou-o a conhecer alguns trabalhos caritativos.

Semanas depois, encontraram-se novamente e, para seu espanto, o homem doente de antes estava agora corado e feliz.

Ao indagar a causa da sua melhora, ouvira o que já sabia: o trabalho desinteressado, que receitara, fizera muito bem ao amigo.

Espírita de longas datas, e detentora de múltiplos talentos, soube muito bem utilizar os seus dotes artísticos para beneficiar aqueles que pouco ou nada tinham para lhe dar em troca.

Organizou vários shows e eventos beneficentes para custear os trabalhos sociais de instituições como o Fernando Malta, e destinou os direitos autorais de suas obras também para esse fim.

Por isso, e pelas amizades que soube construir naquela instituição espírita (que fica na Rua 21 de Abril, 78, Prado), Anilda será homenageada hoje.

Com palestra de Augusto Padilha, a valorosa irmã será lembrada, inclusive, no poema que lhe dedicou o confrade Luís Carlos Ângelo.

E eu, que sou pequena ainda, mas muito me alegro por ter conhecido essa matrona do Espiritismo alagoano, engrosso o coro e faço minhas as palavras desse querido amigo e talentoso artista:

PARA ANILDA LEÃO MOLITERNO

Vai, Anilda,
Vai ocupar o lugar que te é reservado
de mais uma estrela que no céu brilhou!
Vai colher os rastros de cometas e meteoros,
para desenhar as pautas em que hás de compor
e cantar as tuas eternas e feéricas melodias.

Vai encenar, nos palcos do Universo
as tuas peças que exaltam a vida e o amor.
Traduz a tua irreverência em textos que ensinem,
e auxiliem no reconforto e na sustentação
àqueles teus acalentados, que pouco ou nada têm.

Vai escrever tuas linhas de poesia, verso e prosa,
nas páginas dos Espíritos que deixam suas grandes obras,
como o acessório da jornada do crescimento humano,
com um pouco de tuas experiências, de tuas aventuras.

Vai, Anilda, encontrar-te com aqueles
que te antecederam na viagem de acesso à vida plena.
Vai, é certo, buscar a presença de teu eterno poeta, Carlos Moliterno
que, sem dúvida, já te espera na grande ilha de seu poema.

Vai, e aguarda que também nós, um dia,
voltemos a te abraçar na grande Família Espiritual,
por Deus criada, para vivenciar o AMOR por excelência.

Que a saudade de tua querida presença
não seja empecilho, para que possamos ouvir tua voz
no maravilhoso cântico das preces que enlevam as almas,
na pacífica esperança por melhores tempos vindouros,
como tua eterna esperança de uma Nova Era Feliz!

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