terça-feira, 27 de março de 2012

Somente de ti (para ser lido em voz alta)

(foto: Yvette Moura)

Talvez o teu mal seja sono, e o que te falta é uma noite bem dormida, na paz da consciência tranqüila, do dever cumprido, e o coração serenado nos braços da pessoa amada. Mais nada.

Talvez seja exatamente o contrário: a mente ocupada no trabalho e as mãos entretidas na lida, em construtiva atividade, dignificando a vida.

Talvez seja a doença que te abraça como quem andava a espreita, assistindo os teus excessos, de perto, e agora te convida à reeducação.

Ensinando que os limites do corpo, às vezes, dão azas à alma – que está em constante movimento de progresso e ascensão.

Mas talvez seja a dor que ainda não chegou, batendo à tua porta, e nada mais te importa do que os prazeres mundanos, as distrações do momento, as sensações instantâneas, os entorpecentes da consciência, o limite entre o pecado e a decência.

Para que pensar na desgraça – dizes, agora, rodeado de amigos – daquele que passa, sem graça, coberto de andrajos e dor? Que horror!

Se a vida só te felicita, que culpa tens da desdita alheia, que habita tantos lares e desfigura tantos rostos desde a mais tenra idade?

Vai trabalhar, vagabundo! Afasta-te pra lá, ser imundo! Faz o que eu fiz e melhora o teu estado deplorável, porque é assim que funcionam as coisas por aqui.

E o rosto bem talhado, maquiado ou barbeado, rasga à frente, fechado, sem qualquer compaixão. Essa não!

Não me venham com essas lamúrias, nem esses apelos tolos, de piedade, amor e perdão. Não, não.

Assim pensam os grandes do mundo – que precisam dos pequenos, cordatos e serenos, para ascender sempre mais nos cenários sociais.

Esquecem-se, os egocêntricos, que os anos passam para todos – ai de nós! –, e nas esferas da carne nada nos dá segurança de que a penúria e a pobreza de hoje não sejam, amanhã, com certeza, a colheita da avareza.

Sim. Porque cada um semeia a seu agrado, no tempo e na forma que eleger; mas a colheita é certa, e não importa a razão, o motivo ou o porquê.

É a Lei de Causa e Efeito seguindo o seu curso natural: quem deu a mão, mais na frente é ajudado; mas quem praticou o mal, pelo mal vai fenecer. É sempre assim.

Para ele, para você e para mim, as leis universais se aplicam para todos. Pode crer.

A força que ergue o sol a cada manhã, é a mesma que atrai o teu olhar até onde o azul se perde, e age também no teu corpo, expelindo o que não serve.

Forçando a respiração, renova-te as esperanças e te convida à andança na ciranda do existir. Vai por mim!

Desistir é impossível, pois a morte não existe. Ademais tudo passa, desde a alegria até a desgraça; e a vida se renova sem cessar.

Vá lá! Se viver é o caminho, sê tu inteligente: aprende com os próprios erros, seguindo a consciência, em constante despertar.

Mas se quiseres agir como o sábio, aprende com os erros alheios, sem prescindir da auto-análise e da compreensão.

Benevolente com o próximo, exige um pouco mais de ti, aproveitando bem o tempo enquanto estás por aqui.

Como diz o amigo Jesus, caminha enquanto tens luz, porque a noite também vai te atingir.

Mas, por ora, vive, aprende e colabora. Porque o momento de agora depende somente de ti.

Um comentário:

Anônimo disse...

Parabens! Gostei do blog. Meigo e ao mesmo tempo doutrinário.Que tal adicionar o lindo poema de Carmen Cinira através das mãos do querido Chico Xavier? É A MINHA CARA!

- Donde vens, viajor triste e cansado?
- Venho da terra estéril da ilusão.
- Que trazes?
- A miséria do pecado,
De alma ferida e morto o coração.
Ah! quem me dera a benção da esperança,
quem me dera consolo à desventura!

Mas a fé generosa, humilde e mansa,
Deu-lhe o braço e falou-lhe com doçura:
- Vem ao mestre que ampara os pobrezinhos,
que esclarece e conforta os sofredores! ...
Pois com o mundo uma flor tem mil espinhos,
Mas com Jesus um espinho tem mil flores!

Jamesson.