quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Da farra ao pó

(foto: Yvette Moura)

Foi com preocupação e tristeza que eu li, na manhã da segunda-feira, a carta de um pai cujo filho tirou a vida da própria amiga, estrangulando-a durante um surto psicótico, no último sábado, na zona sul do Rio de Janeiro. Em seu relato (enviado ao site do jornal O Globo na madrugada de domingo), o homem diz ter “perdido” o filho para as drogas há seis anos, quando passou do consumo de bebidas alcoólicas para o crack.

Consciente, embora profundamente abalado com tudo o que aconteceu, na carta, o pai não exime o seu filho da culpa. Ao contrário, conta que o entregou à polícia e garante que a justiça será feita. Consternado, o homem pede perdão à família da moça pelo ato do filho – que ele mesmo considera “imperdoável” – e afirma que não passará a mão na cabeça dele, mas que não irá abandoná-lo.

Em seu desabafo questiona as políticas públicas para o controle das drogas e defende a internação compulsória para desintoxicação e reabilitação desses doentes, que perdem o senso da realidade e o controle sobre si mesmos, tornando-se um perigo para a sociedade e para aqueles com quem convivem.

Magoado, ele chama de “hipocrisia” a postura do governo, que coíbe o uso das drogas, mas deixa correrem frouxas a venda e a propaganda deliberada de bebidas alcoólicas, que são a porta de entrada para outros vícios. Ao nosso ver, a sociedade também é conivente com esse estado de coisas quando se permite associar diversão, alegria e amizade à ingestão de álcool (a droga lícita) e sempre acaba “patrocinando” os primeiros copos dos iniciantes.

Com reclames criativos, bem produzidos e veiculados nos horários nobres da televisão brasileira, essa “lucrativa empresa” tem arrebanhado jovens cada vez mais cedo para o perigoso “mundo da fantasia”. Para ser popular, conhecer gente bonita e fazer da vida uma eterna festa, vamos “tomar uma”! Esta é a mensagem.

O que as propagandas não mostram são os efeitos que o álcool provoca na vida de quem faz uso dele. Não mostram que o alcoolismo destrói a família, afasta os amigos e pode levar ao desemprego, além de ser a maior causa de mortes e acidentes no trânsito. Os reclames de cerveja, vodka, cachaça, também não advertem quanto à cirrose, às doenças circulatórias, à depressão, à impotência sexual, entre outras, que o uso continuado do álcool pode provocar nem que esse hábito pode gerar lesões sérias no estômago, além de irreversível degeneração neurológica, que leva à demência.

Sem falar na porta que se abre para as obsessões, em que o indivíduo baixa a guarda da alma para interferências nefastas do mundo invisível, gerando problemas maiores.

Por isso, penso ser bem pertinente o desabafo desse pai num momento em que as drogas têm levado tanta dor às famílias brasileiras. De fato, não dá mais para manter os olhos fechados para todos esses fatores quando os malefícios do álcool já estão mais do que evidentes para todos nós. Continuar patrocinando o crescimento dessa “superindústria” é a melhor maneira de favorecer a dependência química, alimentar o tráfico de drogas e promover a violência no nosso País.

O combate ao tráfico não é suficiente. Será preciso uma ação conjunta entre o Estado, a sociedade e a família – cada um se ocupando do papel que lhe cabe – para que os resultados comecem a surgir no combate a essa pandemia, que vem se alastrando como um câncer no seio da humanidade. Ao Estado cabe a tarefa de prender, tratar e punir todos os envolvidos; à sociedade cabe uma mudança de hábitos urgente e uma rigorosa revisão de valores; e à família, urge a educação ética, moral e religiosa dos seus membros, elegendo definitivamente Jesus como modelo e guia para as suas vidas. Caso contrário, estaremos apenas tentando tapar o sol com a peneira, como temos feito.

2 comentários:

Débora Camargos disse...

A tristeza do pai é imensurável. Meu Deus!

lis disse...

Oi,Maria

Ótimo texto que deveria ser lido pelos jovens ,publicado nos jornais. Triste são essas propagandas enganosas que poderiam sim ser proibidas. Ninguém sabe de nada, ninguem vê nada . Liberdade ,muita liberdade e estamos aí , guerilha urbana na disputa de quem fica com a fatia melhor na venda de entorpecentes.Morre policial, morre inocentes e pronto, nao se fala mais nisso! os governantes precisam viajar, fazer relaçoes internacionais , etc,etc e não estão preocupado nao. Nao sei onde vamos chegar. É o caos se instalando nas grandes cidades.
É muita indignação , desculpe escrever muito.
Abraços,Maria e que Deus nos proteja do pior.