quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Do corpo e da alma

(foto: Yvette Moura)





Aqui é o flagelo inadvertido do corpo, em sacrifícios extremos, como meio de alcançar a elevação espiritual; ali, o culto exacerbado à aparência física, fazendo da corrida desenfreada pelo condicionamento muscular, e o ajuste do manequim, a principal maneira de melhorar a vida. Entre um sistema e outro, está o numeroso grupo dos indiferentes...

Como dizia a minha mãe, repetindo um de seus ditados favoritos, nem tanto ao mar nem tanto à terra. Nem o sistema radical dos ascetas – que abatiam o corpo para favorecer a ascensão da alma –, nem a negligência total com as coisas do espírito, praticada pelos materialistas. Tanto um quanto o outro são igualmente importantes para o equilíbrio do ser e a sua sanidade.

Inspiradas nessa filosofia, as associações médicos-espíritas de todo Brasil vêm auxiliando a ciência a ampliar o seu conceito sobre saúde – que atualmente, para a Organização Mundial de Saúde (OMS), “é um estado de completo bem-estar físico, mental e social”.

Sabendo não se poder dissociar o corpo do seu real comandante, o espírito, esses médicos têm apresentado em seus livros, artigos e nos congressos que realizam (ver www.amebrasil.org.br), um novo paradigma para o tema, considerando que da mente humana – sede material da alma – é que se originam as forças equilibrantes e restauradoras dos trilhões de células do organismo físico.

Esses pesquisadores têm se dedicado a demonstrar a profunda relação que existe entre o corpo e a alma, e a provar que um precisa do outro para se manter saudável. A ciência do viver, portanto, está no equilíbrio dos dois sistemas supracitados.

Abatendo as más tendências do espírito e respeitando as necessidades do seu instrumento físico, o homem alcançará a saúde integral paulatinamente: uma ação conjunta entre o bem-estar físico e a perfeição moral, sem grandes agressões ou padecimentos desnecessários.

A higiene mental e a faxina no campo dos sentimentos, portanto, são tão imprescindíveis à harmonia da alma quanto o asseio do corpo e a boa alimentação o são para o bom funcionamento do aparelhamento orgânico. A prática da caridade e o exercício do perdão são tão preponderantes para a robustez da fé no ser espiritualizado quanto as atividades e os condicionamentos físicos o são para o fortalecimento da musculatura e da estrutura óssea que dá sustentação ao corpo.

Sem a atenção devida a essas duas facetas que compõem a criatura humana, negligenciada uma que seja, vamos estar sempre suscetíveis às doenças criadas pela nossa sociedade. Em dia com a forma, muitos sofrerão as angústias da alma e os vazios existenciais, entregando-se a buscas imediatistas e o entorpecimento da consciência, através de perigosas práticas.

Radicais, outros atacarão o mundo com língua afiada, beirando a loucura e perdendo a preciosa oportunidade de crescer e evoluir moral e espiritualmente, numa saudável interação com o próximo.

Cuidar do corpo e da alma é a lição do dia para os aprendizes mais atentos do mundo hodierno. Conhecer os próprios limites e realizar boas práticas, além de exercitar a alteridade, é tão importante quanto fazer visitas periódicas ao médico para uma vida saudável.

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